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Arquitetos: Galeria 733
- Área: 370 m²
- Ano: 2021
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Fotografias:Marcelo Donadussi, Christiano Cardoso
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Fabricantes: Balbueno Tapetes, Casa Bordini, Cerâmica Itália, Magni & Rosa, Móveis Benhcker, Nicola Poa, Portobello, Singular Iluminação, Vértice Iluminação
Descrição enviada pela equipe de projeto. A Casa Louzada foi construída no litoral sul do Brasil, no Condomínio Marítimo, em Tramandaí. De privilegiada situação, o lote é circundado por exuberante mata nativa nas faces norte e oeste; na sul, descortina-se no horizonte uma extensa lagoa. Duas solicitações fundamentais orientaram as decisões de projeto: que a casa fosse realmente privativa, não exposta à rua, e que as vistas da mata e da lagoa fossem potencializadas.
Para tanto, adotou-se estratégia formal que articula duas alas dispostas longitudinalmente no terreno, abrigando, respectivamente, a área social, oeste, e a área íntima, leste. Entre elas, o acesso de pedestres: eixo finalizado por jardim interno, este uma espécie de deambulatório agregador dos distintos espaços sociais. Uma varanda conforma o quadrante noroeste da composição, estendendo diagonalmente os domínios do interior em relação à mata; a garagem acomoda-se como subtração da ala social, na quina sudoeste. Pequeno mezanino é abrigado no pavimento superior, sobre a ala íntima. Por fim, o terraço, sobre a social, proporciona a fruição de uma excepcional natureza: o céu, o sol, a água, o verde.
É deliberada a predominância do concreto aparente e do tijolo à vista no intuito de caracterizar-se residência não urbana, mescla de casa de praia e casa de campo. Neste contexto, o uso da madeira natural também é importante para a assinalação do caráter típico desta espécie de residência. Por outro lado, tal rusticidade foi temperada pela sofisticação de determinados acabamentos internos, bem como pelos tecnológicos sistemas de fechamentos, instalações e climatização, garantindo conforto aos moradores como se na cidade estivessem.
Concebido qual corpo, este projeto sintetiza a busca da harmonia entre proporção, comodulação e modenatura, princípios e qualidades ancestrais da arquitetura. A equivalência entre as medidas de seus elementos constituintes - a proporção - é a causa da emoção plástica que emana da obra. O confronto harmônico dos membros entre si e destes com o todo - a comodulação - observa-se na própria composição das fachadas: a norte e a sul, análogas, são de certo modo intimistas, e exibem a contundência das empenas cegas onde esconde-se o telhado; na leste, fisionômica, predominam os cheios sobre os vazios, sendo estes como elementos de rosto; em contraponto, a oeste é exuberante, aberta para a mata, em que a profusão toma partido. Por fim, o adequado trato plástico de cada elemento em si - a modenatura -, instância em que o arquiteto é escultor, norteou cada passo no processo de composição.
Inequivocamente contemporânea, ainda assim a Casa Louzada assenta-se sobre a tradição da arquitetura moderna, por suas referências formais, materiais e espaciais; obra em que se procurou materializar a harmônica aliança entre vida humana, natureza e arquitetura.